segunda-feira, 14 de janeiro de 2013

Confissões de um extraterrestre



Confissões de um extraterrestre

Sinto-me perdido nesse mundo hostil de pessoas rudes e incompreensíveis, que julgam antes de estender a mão, que olham atravessado ao invés de estabelecer uma simples conversa. Não consigo me adaptar, não me sinto em casa, não crio laços fortes, nem ambições humanas demais.

Tenho vontade de me transportar pra outra dimensão bem distante, pra minha verdadeira casa, pra uma gruta isolada no meio de uma floresta virgem. Queria poder sumir daqui e não ter que ver ninguém, nem ouvir voz alguma por pelo menos algumas semanas, ou quem sabe alguns meses ou anos. Preciso de férias da humanidade!

Mas sei que não é possível, tenho consciência de que estou aqui pra travar contato com esses seres, preciso aprender a lidar com eles e trabalhar minha inabilidade em expressar minhas vontades e pensamentos com palavras e atitudes, já que eles não podem escutar o que se passa dentro de mim sem que eu assim me expresse.

Preciso aprender a me fazer entender, pois difícil seria explicar a eles o modo peculiar que sei me comunicar: sem palavras, sem sons, apenas com o olhar e a intuição. É difícil demais lidar com os humanos, muito difícil, mas a cada dia junto forças não sei de onde pra prosseguir com essa dura tarefa. Vamos lá...


[Mente Hiperativa]

3 comentários:

  1. Olha, muito bem. Posso só citar um trecho de Jack Kerouac que esse texto me lembrou?

    "Não é verdade que você começa a vida como uma criancinha crédula sob a proteção paterna? E então chega o dia da indiferença, em que o cara descobre que é um desgraçado, um miserável, fraco, cego e nu, e com a aparência de um fantasma fatigado e fatídico avança trêmulo por uma vida de pesadelo. (...) E percebo que não importa onde eu esteja, seja em um quartinho repleto de idéias ou nesse universo infinito de estrelas e montanhas, tudo está na minha mente. Não há necessidade de solidão. Por isso, ame a vida como ela é e não forme idéias preconcebidas de espécie alguma em sua mente."

    Humanos são umas coisas loucas, e somos só mais uma delas. Então vamos viver do nosso jeito louco e dane-se os outros e suas loucuras.

    E essas coisas aí. Abraço e tal.

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  2. Extraterreste, raposa... acho que cada um de nós, à sua própria maneira, se sente como algo que não encaixa, que não quer encaixar. Ser "humano" é meio doloridinho demais, cheio de clichês e maldades... mas concordo com o moço Lucas, que citou o Kerouac: a solidão não parece uma boa resposta pra vida ^^

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