terça-feira, 17 de julho de 2012

Vivendo de ilusões, desafiando o inevitável


Vivendo de ilusões, desafiando o inevitável

Gostava de viver a vida equilibrando pratos na ponta de varas de madeira. Cada passo era um desafio, o mundo parecia girar mais rápido, cada gesto era decisivo, cada detalhe precisava ser impecável para que tudo não desmoronasse. Essa vida era difícil, mas foi a vida escolhida; a todo momento temia que a inevitável catástrofe ocorresse, tinha convicção de que mais cedo ou mais tarde ocorreria: todos os pratos cairiam no chão e tudo se acabaria diante deles.


Mas que tolice pensar que andaria a vida toda equilibrando pratos, ou que por obra divina eles continuariam na ponta das varas. Por sinal nem acreditava em obra divina, então só restava apelar para a sorte.


Enquanto andava equilibrando os pratos o resto do mundo parecia seguir seu rumo inabalável, até que a profecia se cumpriu e os pratos se despedaçaram no chão, refletindo o que sentia por dentro. Assim, o desespero tomou conta de si, mas não havia nada mais a fazer, tudo estava perdido. Chorou desesperadamente na esperança que os cacos se juntassem, mas não adiantou.


Diante disso, tudo foi perdido, toda uma vida vivida perigosamente, todo um risco assumido em equilibrar pratos em varas de madeira, a tragédia era anunciada, apenas uma questão de tempo. E se era inevitável a destruição, se era tão óbvio o fracasso, então porque prosseguir equilibrando pratos na ponta de varas de madeira? Porque brincar com isso? 


Depois de muito chorar levantou-se, foi até a cozinha, pegou novos pratos e pôs a equilibrá-los novamente, na certeza de que uma hora iriam cair. Mas até lá... assumiria o risco novamente. Até quando será que vai brincar disso?


[Mente Hiperativa]

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