domingo, 23 de outubro de 2011

SATURNO


SATURNO

Eu ouvi dizer que em saturno é sempre dia, e que não há escuridão, nem dor, nem tristeza. Lá as pessoas são simpáticas, felizes, elas são gentis com os recém-chegados e por lá ainda não se inventaram a bomba atômica, a gordura trans, nem a violência ou a guerra.

Em saturno as pessoas trocariam palavras cordiais, se fosse necessário falar. É que lá o pensamento é a forma de comunicação, são mensagens telepáticas que carregam não só um significado, mas também um sentimento. Não há barreiras em saturno, nem segredos, todos os pensamentos são compartilhados, tudo é de todo mundo. E ninguém se importa com isso.

Penso que se eu estivesse em saturno agora eu poderia andar descalço, e pisar no chão macio de saturno. Não sei de que ele é feito, só sei que não fere os pés, e não é de grama, nem areia, é de um material que só mesmo em saturno se encontra. Lá eu não precisaria de tênis, meias, nem nada disso. Não sentiria frio, nem faria calos. O chão de saturno é sem-igual.

E se eu sentisse fome poderia fechar os olhos e pensar nas delícias que a minha vó me fazia, como o pensamento é a comunicação logo ela me traria tudo que um bom neto gosta. E ela viria de onde estivesse, pois em saturno não há barreiras nem limites. E eu mataria minhas eternas saudades.

Em saturno as pessoas não morrem de fome, nem de desgosto, nem de câncer. Lá as pessoas não morrem, pois não há vida, há uma forma de existir tão ímpar que nós não temos palavras para designá-la. As pessoas existem, mas não vivem nem morrem, compartilham a existência, as experiências, os pensamentos, invadem uns os outros, e se confundem, se misturam, sem jamais perderem a identidade.

Eu tentei medir a distância daqui pra saturno, mas não há como, não há meios, nem aparelhos, tudo se perde em saturno, tudo ganha um novo arranjo, e as réguas passam a ser linhas, que se enroscam, e as linhas entram na mente e amarram idéias, que voam de volta à minha cabeça.

Saturno é assim, uma mistura de essências, que de tanto eu tentar entender eu aprendi que preciso sentir. Sentir, fechar os olhos e deixar saturno tomar conta de mim, não preciso publicar trabalhos científicos sobre saturno, nem tentar explicá-lo cartesianamente. Eu não conseguiria, ninguém conseguiria. Saturno foi feito pra se sentir!

Às vezes eu passo a noite conversando com saturno, gostaria de ir lá conhecê-lo pessoalmente, queria poder sentir meus pés descalços naquele chão macio que só em saturno se observa. Queria poder existir sem viver nem morrer, sem saber nem o porquê nem o nome de como é ser assim. Queria poder confundir e explicar o que não entendo e me animar a aprender o que talvez jamais poderei conhecer. Só queria ser... Em saturno.

[Mente Hiperativa]

3 comentários:

  1. Putz! texto magnifico.
    Lá as pessoas não morrem, pois não há vida, há uma forma de existir (isto é muito lindo)
    Parabéns!
    Um grande abraço

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  2. saturno parece bom, mas distante. que tal buscar tudo isso aqui mesmo na terra?

    obrigado pela visita ao meu espaço!

    cara, no skoop tem uma parte para compartilhar com um gadget que você já adiciona direto no blog alguma lista (preferidos, lidos, não lidos etc). veja lá, se não conseguir me fala de novo.

    abraços,
    raileronline

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  3. cara, vai em configurações > widgets.
    não tem erro.

    leu as postagens mais recentes do meu blog (é só clicar no título dele).
    abraços,
    raileronline

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