quarta-feira, 11 de maio de 2011

Paixão colegial



Paixão colegial

Tinha uma paixão retraída pelo professor, sentava-se na primeira fila na ânsia de senti-lo mais próximo, queria sentir seu cheiro, seu calor, seu hálito; mas não queria ele perto demais, evitava contatos físicos mais próximos. Quem entende o amor platônico?

Ela sempre fez questão de estudar a matéria do 'seu' professor com bastante antecedência, além disso sempre repondia suas questões em sala de aula, adorava escutar o prestígio saindo da boca dele e correndo em direção aos seus ouvidos. Era música pra ela, uma verdadeira sinfonia.

Pensava nele noite e dia, como uma adolescente apaixonada, mas ela era de fato uma adolescente apaixonada, e não seria porque ele tem uns 30 anos a mais que descaracterizaria essa paixão, ela continuava existindo, com todos os seus impedimentos. Impedimentos? E quem disse que a garota queria concretizar essa paixão? Era só uma paixão colegial...

Além disso, a força desse paixão impulsionava seus estudos e fazia ela ir pra escola sempre alegre e motivada, queria que ele a visse feliz e boa aluna. E fazia de tudo pra atingir esse objetivo.

Certo dia depois da aula ela foi surpreendida, o professor disse que queria conversar com ela. Todos saíram da sala e comente ela ficou, apreenssiva, cara a cara com seu amor platônico. Primeiro ele a elogiou pelas notas, depois olhou-a de uma forma estranha. Ela não sabia o que fazer diante de tamanha intimidação, será que ele havia percebido que era apaixonada por ele? Mas ela nunca quis concretizar essa paixão, e agora o que deveria fazer?

O olhar que ele lançou sobre ela não era de admiração, mas de desejo. Ela teve medo. Ele a desejou e avançou sobre ela. Algum tempo depois correu pra fora da sala, triste, aos prantos. E quem teve medo agora foi ele.

No dia seguinte boatos corriam pelos corredores da escola, o professor havia sido demitido, mas porque? Ninguém sabia explicar ao certo o motivo, mas alguns desconfiavam. A diretora preferiu demiti-lo a prejudicar a imagem da escola e a integridade de suas alunas. Expurgou o que havia de podre.

Na escada, sentada, aquela garota de apenas 13 anos deixava escorrer pelo rosto uma lágrima de saudade, saudade do amor que tinha e foi embora, morreu de repente, o amor platônico que se revelou um monstro perverso e ousado diante dos seus próprios olhos. Ela que nunca teve planos de concretizar aquele amor se viu obrigada a matá-lo dentro do seu coração.

Pra ela aquele amor era pra ser guardado no peito, não queria seu amor exposto, realizado. E porque ele fez aquilo? Estava tudo indo tão bem... Ela não entendia. Ela que queria aquele amor somente pra si, agora ficou sem amor nenhum, nem platônico, nem real.

Nota: Não falo somente de amor, também meto o dedo na ferida.

[Mente Hiperativa]

3 comentários:

  1. "Não falo somente de amor, também meto o dedo na ferida."
    Quanta rispidez...

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  2. Amor platônico, eu já senti, mas morreu como muitos outros, eu falo mesmo, comigo não tem segredo. Mas não por um professor. Gostei. beijos&abraços

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